Apresentação/Introdução:
A Equipe de Consultório na Rua (CNAR) atua na interlocução entre os serviços de saúde e a população em situação de rua levando o cuidado àqueles que têm dificuldades no acesso às unidades de saúde no SUS. Durante a pandemia de covid-19, a população de rua passou a ocupar abrigos provisórios como forma de evitar o avanço do contágio. Nesses abrigos, foi possível realizar um trabalho de identificação dos casos de tuberculose e oferecer um tratamento completo para os casos positivos a partir do cuidado in loco. Este trabalho se refere a esta experiência na cidade de Manaus durante o período de abrigamento da população de rua.
Objetivos
-Oferecer testes de escarro para identificar casos de tuberculose como forma de prevenção à população de rua a ser abrigada durante a pandemia de covid-19.
- Realizar tratamento aos casos de pacientes com diagnóstico de tuberculose durante o abrigamento.
- Oferecer um cuidado para minimizar e prevenir a proliferação dos casos de tuberculose entre a população de rua da cidade de Manaus.
Metodologia
Primeiramente foi realizado teste de escarro antes e durante o abrigamento da população de rua a partir da inserção da equipe nos abrigos provisórios. Depois foi realizada a notificação dos casos e a solicitação da medicação necessária ao tratamento garantindo o cuidado e tratamento dos casos. Posteriormente foi feita uma parceria com a gestão dos abrigos para a guarda dos medicamentos e o monitoramento dos casos positivos. A equipe CNAR acompanha a evolução dos casos semanalmente e administra o cuidado.
Resultados
Foram realizados 117 testes de escarro dos quais 11 foram positivos e tratados pela equipe. Destes, um foi encaminhado pela ubs rural e um fugiu do abrigo. Todos finalizaram a primeira fase do tratamento. Dentre os 11 casos, um tem HIV e faz tratamento e outro tem sífilis também em tratamento médico. É importante ressaltar que devido à peculiaridade da população em situação de rua, é muito difícil concluir o tratamento de tuberculose uma vez que a fuga é comum e a adesão é rara. Dessa forma, considerando que todos fizeram a primeira fase, podemos dizer que êxito ao que foi proposto pela equipe.
Conclusões
Uma vez que uma pandemia pegou a todos de forma inesperada levando os profissionais de saúde e gestores a inovar diante do desconhecido e do risco iminente de contaminação e de vida, o abrigamento foi uma forma de proteger a população de rua, mas ao mesmo tempo, possibilitou a inventividade. Foi uma possibilidade de fazer o que é difícil no cotidiano de trabalho, tratar e cuidar, levar atendimento até a população de rua e lograr êxito mesmo no contexto adverso e que de alguma forma, mesmo paradoxalmente, trouxe benefícios à esta população no sentido de identificar e oferecer um tratamento integral a uma doença de difícil tratamento. A pandemia nos ensina que é possível se reinventar e propor o difícil, mas não impossível, cuidado em saúde com qualidade.
Autor(a) Principal: Rosiane Pinheiro Palheta
Coautor(a) 01: Raquel Lira de Oliveira Targino
Coautor(a) 02: Alex Araújo Rodrigues
Coautor(a) 03: Jackeline Cavalcanti Lima
Coautor(a) 04: Maria de Nazaré Feitosa
Coautor(a) 05: Samuel Monteiro do Nascimento Barbosa